sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

"NO-GERÊS" O nosso único Parque Nacional

Criado em 1971, é a mais antiga área protegida portuguesa e a única classificada como Parque Nacional pela União Internacional de Conservação da Natureza. Abrange 72 000 hectares, dos concelhos de Melgaço, Arcos de Valdevez, Ponte da Barca, Terras do Bouro e Montalegre. Tem a forma de uma ferradura com a boca virada para Espanha, fazendo fronteira durante 100 km (do lado galego existe o Parque do Xerez).

O extremo noroeste corresponde ao planalto de Castro Laboreiro, na serra da Peneda, no Alto Minho. A concavidade central corresponde à serra Amarela (Lindoso) e ao vale do rio Homem (com a albufeira de Vilarinho das Furnas e a fronteira da Portela do Homem). Imediatamente a sul situa-se o coração do parque e a sua zona mais conhecida: o vale do rio Gerês, as Caldas do Gerês e a albufeira da Caniçada.

Na ponta contrária (sueste) desenvolve-se o planalto da Mourela, onde se situam as aldeias comunitárias de Pitões das Júnias e Tourém, já em Trás-os-Montes. O parque é atravessado por três grandes rios: Lima (desde a barragem do Lindoso até Entre-Ambos-os-Rios); uma dezena de quilómetros a sul corre o Homem, represado em Vilarinho das Furnas por uma barragem que implicou a submersão da aldeia homónima; finalmente, fazendo a fronteira sul do parque durante meia centena de quilómetros, o Cávado (com o qual o Homem conflui a jusante), cortado por três barragens: Paradela, Venda Nova e Caniçada.

A História está presente, com os dólmenes do planalto de Castro Laboreiro ou da serra do Soajo (Portela do Mezio) ou com um troço da via romana Braga-Astorga (na Mata da Albergaria). Da época medieval registam-se castelos (Castro Laboreiro e Lindoso) ou abadias cistercienses como Santa Maria das Júnias. Mais recente, o santuário setecentista da Senhora da Peneda. Fruto das condições adversas, desenvolveram-se tradições comunitárias. Nas regiões montanhosas do Soajo e da Peneda de Verão, os aldeões abandonam as povoações dos vales (inverneiras) e deslocam-se com o gado para as brandas, situadas a cotas mais altas.

Para ajudar os pastores desenvolveu-se o cão de Castro Laboreiro. O gado barrosão, adaptado aos rigores do clima, produzia carne e ajudava nos trabalhos agrícolas. A "revolução do milho", no século XVII, trouxe os espigueiros, construções em pedra e madeira onde a colheita era armazenada. Podem ser vistos nas aldeias do Soajo e Lindoso, formando campos de dezenas de exemplares. As paisagens de altitude dominam a serra do Gerês (miradouro da Pedra Bela, sobranceiro às Caldas). Há vales glaciários como aquele por onde corre a ribeira da Peneda. Encontram-se matas pujantes como as dos vidoeiros de Lamas de Mouro, dos carvalhos na Portela do Mezio ou a rara e sensível Mata da Albergaria.

Há quedas de água, como as do rio Arado (perto da aldeia de Ermida). Desaparecidos o lobo e a cabra selvagem, subsistem da fauna original da zona o garrano (cavalo selvagem de pequeno porte) e o corço, bem como o javali, a raposa, a lontra, para além de diversas espécies de aves de rapina. Assim se justifica que em 2007 tenha aderirido à rede das melhores áreas naturais da Europa, depois de ter sido aceite a sua candidatura ao sistema de certificação PAN Park´s.

2 comentários:

  1. Excelente post Paulo. Nunca é demais relembrar como nasceu e cresceu o melhor recanto de Portugal. Abraço, Jorge Sousa www.bota-rota.blogspot.com

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  2. Gostei, como gosto sempre que encontro gente que gosta do PNPG. No entanto o lobo ainda anda por lá e a cabra selvagem já pode ser novamente avistada em algunas áreas do PNPG. Quanto ao Pan Park ainda não percebi como nem quais as vantagens.

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